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Manchester - Repressão na internet

  • Roberto Barberá
  • 25 de mai. de 2017
  • 2 min de leitura

O governo do Reino Unido parece estar prestes a desencadear processo de repressão inédito ao uso da internet. O governo britânico acaba de anunciar que irá colocar em vigor um verdadeiro (e obscuro) arsenal legislativo chamado de "Leis e Poderes de Investigação ", logo após a eleição que ocorrerá em duas semanas, na esteira da recente tragédia terrorista de Manchester. Segundo o jornal The Independent exigirão que as em"'Ordens de Capacidade Técnica' empresas de tecnologia quebrem sua própria segurança".

O jornal The Sun informa, ainda, que segundo disseram "ministros seniores" que "O governo pedirá ao parlamento que permita o uso desses poderes, se Theresa May for reeleita. Faremos isso, assim que pudermos, depois das eleições. O nível de ameaça claramente prova que não há mais tempo a desperdiçar. As empresas de mídia social vêm rindo em nossas faces, por muito tempo ".

Fico curioso para saber quem vai cumprir.

Em primeiro lugar, não acredito ser factível bisbilhotarem, com alguma eficácia, as milhões de mensagens que trafegam, por segundo, nas redes sociais. Em segundo lugar, seria extremamente caro, uma vez que equipes de notória especialização (autênticos espiões) precisariam ser treinados no uso de software especializado. Além disso, certamente, brigas judiciais inundariam os tribunais ingleses, em intensidade e quantidades jamais vistas.

Na minha humilde opinião, a atividade terrorista se assemelha, em muito, à de guerrilha. A história de convívio diário do indivíduo, sua trajetória, perfil de atividade e hábitos cotidianos (não necessariamente manifestos nas redes sociais) sugerem indícios que podem ser muito bem observados por pessoas próximas, vizinhos, colegas de trabalho, lojistas, etc.., ensejando denúncias anônimas, quando for o caso de alguma mudança comportamental suspeita.

E parece que foi, exatamente, o que ocorreu em Manchester. O site Slashdot (https://slashdot.org) divulgou hoje que, pelo menos cinco denúncias vindas de variadas fontes, foram feitas aos órgãos oficiais nos últimos cinco anos, a respeito de comportamento duvidoso, por parte do autor do atentado. E nenhuma dessas fontes parece ter dependido do uso de alta tecnologia, ou do uso de técnicas de interceptação de mensagens. Ao contrário, foram denúncias telefônicas e presenciais, que qualquer transeunte tende a fazer, sempre que achar que sua segurança se encontra ameaçada. Aliás, método simples e historicamente eficiente.

O pior de tudo, é que nada disso parece ter sensibilizado as autoridades de "inteligência" de Manchester, a ponto de sequer tomarem quaisquer medidas preventivas, durante um evento que dava pinta de agitar a cidade.

Portanto, olho vivo nos nossos parlamentares. Se a moda pegar, teremos uma internet completamente povoada por xeretas institucionais, todos paranoicos pela "caça às bruxas" e pior, jogando nossos impostos pelo ralo. Tudo sob o nobilíssimo pretexto de estarem prestando relevante serviço à população. Mais um serviço inútil e de eficácia zero.

A internet livre é uma conquista pela qual vale à pena lutar. Especialmente no Brasil, ela representa um golpe mortal nas desigualdades. A internet já é o mais relevante mecanismo de atalho em direção à transparência e à igualdade de oportunidades.


 
 
 

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