Data Citizen (ou cidadão de dados)
- Roberto Barberá
- 21 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

Uma breve reflexão sobre o artigo de Margaret Rouse.
Um “cidadão de dados” é um cidadão (ou colaborador, no caso de empresa) que se baseia na análise dos dados que estejam ao seu alcance, para tomar decisões melhores, sejam no âmbito pessoal, sejam no ambiente profissional, com o objetivo de tornar sua vida melhor. Simples assim.
Na vida pessoal, somos obrigados a cumprir leis, recolher impostos, pagar contas, economizar, investir, etc. Na vida profissional, temos que respeitar as regras-de-negócio e a política de relacionamento da empresa (ou empreitada) com a qual estejamos envolvidos profissionalmente.
Portanto, planejar e viver a vida, trabalhar para uma empresa, para um projeto, em equipe ou sozinho, não muda muito o padrão de atitude mais inteligente a ser seguida. Em minha limitada opinião, ser um cidadão de dados (perante o estado, ou mediante uma associação qualquer) é, sobretudo, “arranjar” resiliência, disciplina e a tolerância necessárias, para o exercício diário de formas diversas de cidadania, que resolvi apelidar, genericamente, de cidadania dos dados.
Tanto no contexto de nossa sociedade, do governo, ou de nossa própria vida diária, temos que lidar com crescente volume de dados e fazemos exigências de absoluta transparência, principalmente dos agentes que usam nossos impostos ou daqueles que lidam com nossos investimentos. Maior conhecimento sobre os rumos de sua vida possibilita, ao cidadão, o verdadeiro exercício do livre arbítrio. Entretanto, mais liberdade pressupões mais senso do dever, agrega mais responsabilidades e provoca a necessidade de mais participação. Por exemplo, como cidadãos temos direito à liberdade de expressão, mas temos, também, o dever de não caluniar, ou difamar. Temos que obedecer à Constituição, às leis federais, estaduais, municipais e ao regramento de acesso às demais instituições da sociedade civil.
De maneira análoga, um colaborador que recebeu um direito de acesso a dados corporativos, também tem o dever e a responsabilidade de respeitar a política de governança da empresa, quanto ao acesso e à preservação destes mesmos dados.
Tais como os cidadãos comuns, os colaboradores de dados esperam (e muitas vezes exigem) cada vez mais transparência e confiabilidade, por parte de seus contratantes (ou empregadores), no sentido de poderem ter acesso, inovar, sugerir, decidir, enfim, agregar valor ao negócio. Portanto, torna-se cada vez mais importante o comportamento “cidadão”, entre contratantes e contratados, em nome da boa produtividade e sustentabilidade do negócio. Daí a importância de que direitos, deveres, expectativas e responsabilidades, de ambas as partes, sejam discutidos, definidos e aplicados por meio de políticas.
Para tanto, as iniciativas de governança de dados geralmente se concentram em políticas e procedimentos de alto nível, enquanto as iniciativas de gerenciamento de dados, têm foco principal em manter definições e formatos de dados estudados e predeterminados, identificando problemas de qualidade e garantindo que usuários comerciais e clientes venham aderir a determinados padrões.
A mentalidade de cidadão de dados leva ampla vantagem no quesito empregabilidade, uma vez que já incorpora espírito crítico, o exercício da tolerância, o costume da decisão e a análise de risco baseada, apenas, em dados coletados, o que soa como música para empreendedores de qualquer tamanho. O cidadão de dados ajuda à empresa em que trabalha a cumprir as exigências legais e de conformidade a que o negócio se encontra submetido. Está acostumado a preparar, gerar e a consumir dados. Ademais, com a diversidade de conhecimento acessível gratuitamente, via internet, o cidadão de dados é, também, um autodidata, por sua necessidade natural de permanente atualização.
Minha preocupação em explicar a conduta, advém do fato de que há uma espécie de “febre” dentre as startups, em que se gasta, a meu ver, tempo (e dinheiro) demais, induzindo equipes internas a simularem situações disruptivas (crises que põe o negócio em risco) estimulando-as, em seguida, a descobrirem como contorná-las. Posso estar enganado, mas acredito que investir o mesmo esforço em evitá-las seria, mais produtivo e ajudaria no aprimoramento dos dados e dos processos internos de geração e controle do negócio. Bem mais racional e realista.
No Brasil a ser reconstruído, há quase tudo por fazer. Pense no seu brasileirinho mais querido e ajude a ele a se tornar um cidadão de dados. Ele, e o Brasil, lhe agradecerão penhoradamente...
Abraços a todos..
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