Vigilância Eterna...
- Roberto Barberá
- 19 de set. de 2018
- 2 min de leitura

Durante anos, o Facebook posicionou publicamente seu aplicativo Messenger como uma maneira de conectar amigos e como uma forma de ajudar seus clientes (nós) a interagirem diretamente com as empresas.
Mas um novo relatório do The Wall Street Journal (WSJ) de hoje, indica que o Facebook também usou sua plataforma Messenger como um sifão para retenção dos dados financeiros confidenciais de seus usuários. Estas informações que estariam acessíveis (ou captáveis) sempre que um cliente (você ou eu) interagisse com seu banco, via chat. Neste aspecto, o relatório do WSJ diz que os bancos (quem diria?), não apenas consideram os métodos do Facebook intrusivos, mas também recuaram do uso do serviço tal e qual é oferecido pela rede social e, em alguns casos, passaram a redirecionar e a encapsular as conversas do Messenger, como forma de evitarem a passagem de dados sensíveis ao Facebook.
Entre as empresas financeiras que o Facebook afirma ter discutido sobre dados de clientes, encontramos a American Express, o Bank of America e a Wells Fargo.
O relatório diz que o Facebook ofereceu ajuda aos bancos, para criar bots (software robôs) para sua plataforma Messenger, como parte do grande esforço iniciado em 2016, para transformar o aplicativo de bate-papo em um centro automatizado de vida digital que poderia ajudar a resolver problemas dos clientes desses bancos e evitar incômodas chamadas de atendimento ao cliente. Entretanto, alguns desses bots, como o que a American Express desenvolveu para o Messenger, no ano passado, deliberadamente passaram a evitar (bloquear) o envio de informações sobre a plataforma, depois que o Facebook deixou claro que desejava usar os hábitos dos clientes, como parte do negócio de segmentação de anúncios.
Em alguns casos, empresas como a PayPal e a Western Union, negociaram contratos especiais com o Facebook, que lhes permitiriam oferecer muitos serviços direcionados a clientes, como o de transferências de dinheiro, informa o relatório do WSJ.
Mas, de modo geral, os grandes bancos americanos acabaram por evitar trabalhar com o Facebook, devido ao grau de “agressividade” detectado nas entrelinhas das práticas descritas pelo Facebook, quanto ao acesso aos dados dos clientes.
O Facebook afirmou, que não é bem assim, em comunicado enviado ao The Wall Street Journal - "Como muitas empresas on-line, estabelecemos parcerias com instituições financeiras para melhorar as experiências comerciais das pessoas, tais como permitir melhor atendimento ao cliente, e as pessoas optam por estas experiências. Nós enfatizamos, aos nossos parceiros, que informação segura e protegida é fundamental para estes esforços. Esta tem sido e sempre será nossa prioridade”.
Resumindo, é preciso ter consciência de que, ao decidirmos abrir uma conta numa empresa de tecnologia – “clicamos aquela caixinha, ou mensagem de clique OK, que nenhum de nós lê”- estamos dando uma permissão tácita e legalmente amparada, para que os dados que publicamos ou trafegamos, possam ser usados, sabe-se lá para o quê, e a que consequências para o incauto clicador.
O fato é que se trata de um modelo de negócio consolidado, extremamente rentável e que gera benefícios, no mínimo questionáveis, para nós, que usamos estes serviços “graciosamente” oferecidos.
Parafraseando Curran (ou Jefferson - há controvérsias) e seja qual for o regime, liberdade plena pressupõe vigilância eterna...
Abraços a todos.
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